Manancial é uma novela produzida por Carla Estrada para a Televisa, exibida no México através do Canal de Las Estrellas entre outubro de 2001 e fevereiro de 2002.
A TRAMA
Texto: Thiago Fernandes, novelamexicana.com.br La Amora, laamoraa.wordpress.com
A história apresenta a rivalidade entre duas tradicionais famílias: os Ramirez e os Valdez, proprietários de um manancial, alvo da disputa entre elas. Mas isto é apenas uma parte da briga. Rigoberto Valdez (César Évora) está casado com Francisca (Azela Robinson), amante de Justo Ramirez (Alejandro Tommasi), um homem rico e autoritário, casado com Margarita (Daniela Romo). Ao descobrir a infidelidade da esposa, Rigoberto é assassinado por Francisca, mas antes corta o braço de Justo. Diante disso, Margarita também fica sabendo da relação extraconjugal.
Anos depois, seus filhos, Alfonsina Valdez (Adela Noriega) e Alejandro Ramirez (Mauricio Islas), que ignoram os fatos, se apaixonam perdidamente. Para separar os dois, Justo comete uma enorme crueldade: estupra Alfonsina que, arrasada, deixa o povoado e o coração de Alejandro partido. O tempo passa, e com a morte da mãe, Alfonsina retorna ao povoado, disposta a recuperar o manancial que foi da sua família, e é quando reencontra Alejandro, que agora está prestes a se casar com a jovem Bárbara (Karyme Lozano).
PERSONAGEM
Margarita Inzunza de Ramírez: Esposa de Justo, mãe de Alexandre e prima de Álvaro. É considerada como uma mulher piedosa, decidida, de forte personalidade e acostumada com tudo à sua maneira. Margarita uniu a sua vida a de Justo “até que a morte os separe”. Apesar de ser muito religiosa, a vaidade e o rancor a marcaram. Seu maior laço afetivo é com seu filho Alexandre, ela tenta controlá-lo a seu rígido e equivocado modo.
Daniela Romo já levava anos sem trabalhar em novelas e seu convite para viver Margarita foi inesperado. Primeiro, porque era a primeira vez em muito tempo em que ela não era a protagonista, depois, porque viveria mãe do personagem de Mauricio Islas. Apesar disso, a atriz mergulhou no projeto e sua participação foi inesquecível. A atriz manejou tiques, gestual, olhar expressivo e compôs uma personagem complexa, que era vítima e vilã ao mesmo tempo. Foi dando vida a Margarita que a atriz deu o passo para ser primeira atriz. Graças a esse trabalho, até hoje é uma atriz de personagens centrais em telenovelas.
Foi Daniela que definiu o estilo da personagem, desde o cabelo aos sapatos = tudo passou pelo seu crivo pessoal. Daniela optou por utilizar referências do cinema clássico mexicano, inspirando-se em musas da sétima arte como María Felix e Dolores del Rio. As tranças, extremamente tradicionais, foram uma das características mais marcantes do personagem.
Em entrevista, cedida pouco tempo depois da estreia da novela (ainda em 2002), Daniela explicou suas escolhas: ‘Nas novelas que se passam no campo percebo que os personagem se vestem com looks muito contemporâneos, mas eu queria usar um look inspirado em María Félix ou em Dolores del Río – grandes personalidades… Assim comentei com a Carla Estrada (a produtora) e ela gostou da ideia. Analisei várias mulheres que vivem em fazendas e me dei conta de que são muito finas, elegantes e sempre conservam um look muito tradicional’
Margarida (ou “La Márgara, como foi apelidada) era extremamente vaidosa, um dos seus acessórios mais famosos era um colar, feito à mando de Daniela (a joia foi guardada anos a fio por ela, até que este ano, foi presenteada a Alejandra Barros que vai assumir seu papel no remake)… Nesse colar existia um espelho, Margarida sempre se observava nele, principalmente quando ia praticar suas maldades, existe metáfora mais sutil e inteligente à vaidade?
Sobre os espelhos, Daniela explicou: “Criei Margarida com a ajuda de Mónica Miguel, que é uma grande diretora. Ela me ajudou a fazer a busca por Margarida e nessa busca encontrei uma mulher vaidosa, que gosta de espelhos porque lhe dão segurança já que se sente abandonada e sozinha… Assim mandei fazer dois espelhos, um se chama Margara 1 e o outro Márgara 2 – um é de ouro e outro é de prata, são os que a Margarida leva no pescoço.”
Ainda sobre a personagem, ela esclareceu: “Margarida é uma mulher que está cheia de ressentimentos, ódio e egoísmo. É uma mulher que não tem relações sexuais nem amorosas com seu marido, ela vive e revive sua vida através de recordações e está motivada a continuar com algo que é uma farsa, continuar com um casamento que existe só por conveniência. Além disso, não tem como canalizar a falta de amor e sexo porque se dedica ao cuidado do filho, é uma mãe super protetora. O pior é que ela crê que está correta e não pensa duas vezes em socorrer o filho, o problema é que ela não o escuta.”
SCREENCAPS DE REVISTAS
– Curiosidade –
De onde El Manantial mais “bebeu da fonte” foi da adaptação feita por Cuathemóc Blanco e Maria del Carmen Peña para Cañaveral de Pasiones (1996), original de Caridad Bravo Adams, mas que igualmente levava o selo que caracterizam as produções destes escritores: histórias que se passam no interior, incluem rivalidades familiares, sendo uma infidelidade do passado entre os pais era o motivo da impossibilidade do amor dos protagonistas, a presença importante do padre, da fofoqueira do povoado, os melhores amigos que formam triângulos amorosos, um rapaz pobre e bastardo herdeiro de um homem poderoso, a vilã amargurada, entre outros. Alguns papéis eram até bem similares (como o Angélica Aragón em Cañaveral de Pasiones e o de Daniela Romo agora), ou feitos, inclusive pelo mesmo ator, como o de Patricia Navidad (Mireya/Malena). Algumas cenas eram completamente idênticas: como quando o protagonista defende a mocinha de rapazes que a importunam, ou a troca de bofetadas entre a mocinha e sua sogra, ou o assassinato da amante do vilão, enterrada e posteriormente encontrada, ou a leitura durante a missa do casamento feito pela sogra arrependida. E mesmo esse deja vu tão forte não impediu o merecido sucesso de ambas novelas.
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